Out
amor
cantiga de roda
coisa tão antiga
que não sai de moda
saudade
velha roupa usada
que já não me cabe
aperta e incomoda
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Naturalmente
aconteça desça
desça dos céus
e me cubra como um véu
apareça nasça
nasça da terra e me caia
feito samambaia
em dia de chuva
caia
aterrissa brisa
brisa do vento
e atiça as velas
do meu movimento
lento devagar
onde vou parar?
suaviza garça
garça do mar
me deixando peixe
nunca não me deixe
não me deixe nunca
afogar
enlouqueça brasa
brasa do fogo afago
me acendendo eterno
feito inferno
(musicado por Anderson Firpe)
aconteça desça
desça dos céus
e me cubra como um véu
apareça nasça
nasça da terra e me caia
feito samambaia
em dia de chuva
caia
aterrissa brisa
brisa do vento
e atiça as velas
do meu movimento
lento devagar
onde vou parar?
suaviza garça
garça do mar
me deixando peixe
nunca não me deixe
não me deixe nunca
afogar
enlouqueça brasa
brasa do fogo afago
me acendendo eterno
feito inferno
(musicado por Anderson Firpe)
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Diana
não fuja de mim
posso ser um anjo
um querubim
se você quiser
ou uma mulher
com caras e bocas
tão igual às outras
que faz manha
que reclama pelo beijo
de quem ama
não fuja
não se mexa
não me esqueça
posso ser uma gueixa
como poucas
uma diva uma diana
uma dádiva
pra achar tuas vontades
e te encher de versos
não fuja de mim
não sou anjo
não sou diva
nem sou tão leve assim
mas posso voar
ave louca
e te buscar por labirintos
sem fim
não fuja de mim
posso ser um anjo
um querubim
se você quiser
ou uma mulher
com caras e bocas
tão igual às outras
que faz manha
que reclama pelo beijo
de quem ama
não fuja
não se mexa
não me esqueça
posso ser uma gueixa
como poucas
uma diva uma diana
uma dádiva
pra achar tuas vontades
e te encher de versos
não fuja de mim
não sou anjo
não sou diva
nem sou tão leve assim
mas posso voar
ave louca
e te buscar por labirintos
sem fim
Terminal
quando o amor me faz desfeita
me despenteio
fico afeita a delírios
rios de sangue me rubram
cubro as faces do arrepio
calafrios febre alta
acho nada que me aqueça
sem teu braço fico manca
lembro nada que te esqueça
peço a deus tua presença
teu sorriso em minha praça
faço ares de santa
pra merecer tua graça
rezo terços
canto mantras
nada a saudade espanta
quanto tempo ainda me resta
sem o gosto da tua festa?
quando o amor me faz desfeita
me despenteio
fico afeita a delírios
rios de sangue me rubram
cubro as faces do arrepio
calafrios febre alta
acho nada que me aqueça
sem teu braço fico manca
lembro nada que te esqueça
peço a deus tua presença
teu sorriso em minha praça
faço ares de santa
pra merecer tua graça
rezo terços
canto mantras
nada a saudade espanta
quanto tempo ainda me resta
sem o gosto da tua festa?
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Martini com Cereja
hoje é meu dia de paz
e de sorte
entro no ônibus encontro um assento
me contento me iludo
com aquele homem ao meu lado
lindo e de olhos graúdos
me fitando com vontade
- e eu como sempre dissimulada -
o mensageiro da alegria entrega
um postal que não me diz nada
ele cumpre a sua parte
o seu dever cristão
mas isso não me alivia
estou em ebulição
como trazer a arte em banho-maria?
lembro que hoje é meu dia de sorte
paro de pensar
ando devagar
me deixo levar nesse passo lento
a cantada de uma mulher reaviva
a minha vaidade
diz ela que sou uma gracinha
- obrigada também acho
recebo um passe no centro espírita
pra sossegar o meu facho
entre a paz e a tormenta
melhor é não escolher
poesia é o que a gente inventa
pra se socorrer
enquanto minha alma não se salva
vou para casa
descansar minha beleza
preparar o jantar do meu amor
e comê-lo na sobremesa
come on mon chéri
me beija
esquece o caviar que nunca
vamos comprar
põe mais martini na minha cereja
hoje
não há futuro nem morte
é só meu dia de paz
e de sorte
de ser feliz sem certeza
hoje é meu dia de paz
e de sorte
entro no ônibus encontro um assento
me contento me iludo
com aquele homem ao meu lado
lindo e de olhos graúdos
me fitando com vontade
- e eu como sempre dissimulada -
o mensageiro da alegria entrega
um postal que não me diz nada
ele cumpre a sua parte
o seu dever cristão
mas isso não me alivia
estou em ebulição
como trazer a arte em banho-maria?
lembro que hoje é meu dia de sorte
paro de pensar
ando devagar
me deixo levar nesse passo lento
a cantada de uma mulher reaviva
a minha vaidade
diz ela que sou uma gracinha
- obrigada também acho
recebo um passe no centro espírita
pra sossegar o meu facho
entre a paz e a tormenta
melhor é não escolher
poesia é o que a gente inventa
pra se socorrer
enquanto minha alma não se salva
vou para casa
descansar minha beleza
preparar o jantar do meu amor
e comê-lo na sobremesa
come on mon chéri
me beija
esquece o caviar que nunca
vamos comprar
põe mais martini na minha cereja
hoje
não há futuro nem morte
é só meu dia de paz
e de sorte
de ser feliz sem certeza
sábado, 6 de novembro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Essa rua não é minha
não sou santa
nem de casa
ando por vias outras
dançando ciranda
e roda
girando noites e dias
na rua que não é minha
os acomodados
que fiquem na sua
que andem na moda
com agulha e linha
costurando bocas
rotas
arrotando normas
ditando regrinhas
outras formas?
nunca saberão
como é bom usar
roupas sem bainhas
não sou santa
nem de casa
ando por vias outras
dançando ciranda
e roda
girando noites e dias
na rua que não é minha
os acomodados
que fiquem na sua
que andem na moda
com agulha e linha
costurando bocas
rotas
arrotando normas
ditando regrinhas
outras formas?
nunca saberão
como é bom usar
roupas sem bainhas
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Dez mais
Pensam que sou certinha
não
como aquelas do lalau
- uau!
mas sim
a intelectual de óculos de grau
formal
feito normalista do século passado
- que fado!
careta
com saias de pregas e meias longas
- ora chongas!
como uma aluna do sacre coeur
estudiosa e comportada
- qual nada!
Quero ser a nota dez
do teatro de revista
cheia de nove horas?
só a mocinha das seis
que toma o chá das cinco
em ponto
quero ser a vilã das oito
que pinta o sete
sem deixar pista
e não conta até três
apronta
cada uma que parece duas
brinca de gato e rato
e deixa de quatro
quem ousa tirar-lhe a vez
Qual de vocês?
Pensam que sou certinha
não
como aquelas do lalau
- uau!
mas sim
a intelectual de óculos de grau
formal
feito normalista do século passado
- que fado!
careta
com saias de pregas e meias longas
- ora chongas!
como uma aluna do sacre coeur
estudiosa e comportada
- qual nada!
Quero ser a nota dez
do teatro de revista
cheia de nove horas?
só a mocinha das seis
que toma o chá das cinco
em ponto
quero ser a vilã das oito
que pinta o sete
sem deixar pista
e não conta até três
apronta
cada uma que parece duas
brinca de gato e rato
e deixa de quatro
quem ousa tirar-lhe a vez
Qual de vocês?
domingo, 1 de agosto de 2010
DIVÃ VERMELHO
Crer para Ver
o saber
das coisas
inexistentes
o sexo dos anjos
que ninguém vê
dragão de fogo
mãe d'água
curupira
saci pererê
fadas aladas
pressentem
os duendes
que escondem
essa gente
que não crê
(musicado por Adolar Marin)
o saber
das coisas
inexistentes
o sexo dos anjos
que ninguém vê
dragão de fogo
mãe d'água
curupira
saci pererê
fadas aladas
pressentem
os duendes
que escondem
essa gente
que não crê
(musicado por Adolar Marin)
sexta-feira, 23 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Depois de Agosto
já ia eu novamente
caindo no abismo desse
estreito mundo
antes do fundo do fosso
um anjo - doce lindo e gentil
me socorreu
esqueço a cruz recorrente
pendurada num pingente
que sempre em meu peito ardeu
com o brilho do sol na face
e uma urgência febril
abram alas que lá vou eu
numa alegria criança
nessa cisma de nascença
buscar o que jesus prometeu
já ia eu novamente
caindo no abismo desse
estreito mundo
antes do fundo do fosso
um anjo - doce lindo e gentil
me socorreu
esqueço a cruz recorrente
pendurada num pingente
que sempre em meu peito ardeu
com o brilho do sol na face
e uma urgência febril
abram alas que lá vou eu
numa alegria criança
nessa cisma de nascença
buscar o que jesus prometeu
segunda-feira, 21 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
DIÁRIO BORDÔ - 2
Pra ti
me aprenda
meu guri
tem cheiro de lavanda
esse amor de renda
bordado em organdi
minha lenda
para além daqui
anda em outra senda
longe de mim
e de si
me aprenda
meu guri
tem cheiro de lavanda
esse amor de renda
bordado em organdi
minha lenda
para além daqui
anda em outra senda
longe de mim
e de si
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Fachada
de muito cair do cavalo
acabei ficando manca
de tanta flechada no peito
a ferida nunca estanca
de muita crença em vão
minha alma ficou deformada
de tanto esborrachar
no chão
recriei minha fachada
de muito esperar o verão
congelei aqui neste inverno
de tanto inventar paraísos
cheguei ao fundo do poço
o inferno era mais embaixo
de muito cair do cavalo
acabei ficando manca
de tanta flechada no peito
a ferida nunca estanca
de muita crença em vão
minha alma ficou deformada
de tanto esborrachar
no chão
recriei minha fachada
de muito esperar o verão
congelei aqui neste inverno
de tanto inventar paraísos
cheguei ao fundo do poço
o inferno era mais embaixo
quinta-feira, 27 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
NOITE SECA - 2
Predileta
conquistar uma poeta
exige tato
talento de esteta
seduzir uma poeta
requer agilidade
treinamento de atleta
encantar uma poeta
precisa habilidade
precisão de karateca
cativar uma poeta
carece dedicação
devotamento de asceta
namorar uma poeta
reclama fidelidade
cumplicidade completa
porque a poeta
quer ser a única
e não a predileta
conquistar uma poeta
exige tato
talento de esteta
seduzir uma poeta
requer agilidade
treinamento de atleta
encantar uma poeta
precisa habilidade
precisão de karateca
cativar uma poeta
carece dedicação
devotamento de asceta
namorar uma poeta
reclama fidelidade
cumplicidade completa
porque a poeta
quer ser a única
e não a predileta
terça-feira, 11 de maio de 2010
Susto
quero mais a espera ansiada
da mãe sobre sua ninhada
prefiro a alma penada
sem a missa encomendada
sou mais o grito estampado
do que o sorriso amarelo
prefiro a paixão assustada
ao amor acostumado
sou mais o lado de dentro
de uma chave que não abre
prefiro a minha febre
de viver aos sobressaltos
sem pneu sobressalente
(musicado por Kana)
quero mais a espera ansiada
da mãe sobre sua ninhada
prefiro a alma penada
sem a missa encomendada
sou mais o grito estampado
do que o sorriso amarelo
prefiro a paixão assustada
ao amor acostumado
sou mais o lado de dentro
de uma chave que não abre
prefiro a minha febre
de viver aos sobressaltos
sem pneu sobressalente
(musicado por Kana)
terça-feira, 4 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
Ídolo de barro
no altar dos santos
que se adora
as velas que derretem
são de cera
como essa tua máscara
de fruta pera
comida gostosa e rara
que não se vende
barato na feira
agora
que a xepa chegou ao fim
com tudo o que há
de ruim
e no altar
tua imagem já não cola
nem vem
pra cima de mim
com essa carinha doce
e enjoativa de amora
no altar dos santos
que se adora
as velas que derretem
são de cera
como essa tua máscara
de fruta pera
comida gostosa e rara
que não se vende
barato na feira
agora
que a xepa chegou ao fim
com tudo o que há
de ruim
e no altar
tua imagem já não cola
nem vem
pra cima de mim
com essa carinha doce
e enjoativa de amora
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
A TESOURA DE DALILA
Última parada
fim de linha
finda viagem
navios queimados
desembarco na vida real
agora é que são elas
agora aqui sou eu
sem velas
fim de linha
finda viagem
navios queimados
desembarco na vida real
agora é que são elas
agora aqui sou eu
sem velas
segunda-feira, 5 de abril de 2010
domingo, 4 de abril de 2010
Farsa
mais sonsa que sensual
dissimulo meu desejo
neste artifício verbal
escondo meu ás na manga
pra que você se confunda
digo menos do que penso
falo mais do que faço
me defendo como posso
me esforço pra ser fácil
e me finjo de difícil
mas me dou
doce
pra quem descobrir minha farsa
(musicado por Zeca Baleiro)
mais sonsa que sensual
dissimulo meu desejo
neste artifício verbal
escondo meu ás na manga
pra que você se confunda
digo menos do que penso
falo mais do que faço
me defendo como posso
me esforço pra ser fácil
e me finjo de difícil
mas me dou
doce
pra quem descobrir minha farsa
(musicado por Zeca Baleiro)
sexta-feira, 26 de março de 2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
Fado Enjoado
haja lexotan
pra achar que é bom
dormir sem você
roncando ao meu lado
ainda bem que sou cristã
que rezo toda noite
pra me livrar do pecado
vade retro
te esconjuro
coisa mais chata a tua voz
cantando
aquele fado enjoado
a tua boca no escuro
me procurando
me lambendo me babando
como se fosse criança
deus me livre
guardar isso na lembrança
haja lexotan
pra achar que é bom
dormir sem você
roncando ao meu lado
ainda bem que sou cristã
que rezo toda noite
pra me livrar do pecado
vade retro
te esconjuro
coisa mais chata a tua voz
cantando
aquele fado enjoado
a tua boca no escuro
me procurando
me lambendo me babando
como se fosse criança
deus me livre
guardar isso na lembrança
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Antropofagia
os intelectuais de plantão
vão comer meu coração
não posso entrar em qualquer balada
sem antes ler a folha ilustrada
ela é que vai me dizer
o que fazer da minha ignorância
os intelectuais de lapela
enfiam o dedo na goela
pra vomitar arrogância
os intelectuais de plantão
vão comer meu coração
quantas estrelas deve ter um filme
pra me comover?
como é que se arquiteta
uma poesia concreta?
quem me ajuda na desconstrução
de uma instalação sem pé
nem cabeça?
haja erudição pra juntar as peças
não posso gostar sem pensar
mas posso gozar sem trepar
divagar teorizar ludibriar
os intelectuais de luneta
só sabem tocar punheta
os intelectuais de plantão
vão comer meu coração
não posso entrar em qualquer balada
sem antes ler a folha ilustrada
ela é que vai me dizer
o que fazer da minha ignorância
os intelectuais de lapela
enfiam o dedo na goela
pra vomitar arrogância
os intelectuais de plantão
vão comer meu coração
quantas estrelas deve ter um filme
pra me comover?
como é que se arquiteta
uma poesia concreta?
quem me ajuda na desconstrução
de uma instalação sem pé
nem cabeça?
haja erudição pra juntar as peças
não posso gostar sem pensar
mas posso gozar sem trepar
divagar teorizar ludibriar
os intelectuais de luneta
só sabem tocar punheta
domingo, 14 de fevereiro de 2010
FOLHAS SECAS
Noite Seca
abro a porta e entro
na sala de estar
enfrento a novela
e acendo uma vela
na mesa de centro
me sento num canto
e arreganho os dentes
nun sorriso sonso
estou pronta pra engolir
noite seca adentro
(poema musicado por Dudu Caribé e Rubens Kurin)
abro a porta e entro
na sala de estar
enfrento a novela
e acendo uma vela
na mesa de centro
me sento num canto
e arreganho os dentes
nun sorriso sonso
estou pronta pra engolir
noite seca adentro
(poema musicado por Dudu Caribé e Rubens Kurin)
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Alegoria
carnaval em pauta
fantasia e paetê
máscaras
do bem e do mal
street wear
prêt-à-porter
na passarela
alegoria
um legítimo fuzuê
na bateria
ritmo pro desenredo
folia que se preza
deixa cinzas
cruzes e credos
fevereiro sem reza
quarta-feira sem porquê
tudo vira falta
nostalgia
fotografia de gabeira
num biquini de crochê
# Os direitos de publicação são reservados à autora #
fantasia e paetê
máscaras
do bem e do mal
street wear
prêt-à-porter
na passarela
alegoria
um legítimo fuzuê
na bateria
ritmo pro desenredo
folia que se preza
deixa cinzas
cruzes e credos
fevereiro sem reza
quarta-feira sem porquê
tudo vira falta
nostalgia
fotografia de gabeira
num biquini de crochê
# Os direitos de publicação são reservados à autora #
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