terça-feira, 20 de dezembro de 2011

REDIVIVO

o corpo se contorce
desarmado
amores natimortos arrastam suas correntes
neste porão
coração mal-assombrado

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Desaforismo

mirabolantes elucubrações tecem
teclam
os poetas empolados de estante
sem porra ou sangue
que escorra
sem pena
que lhes caiba nas mãos

Além do Além

pensar a vida eterna
para a alma que só
teima em ser sã
asséptica
tão assustador
quanto um tiro à queima-roupa

prefiro voltar ao pó
varrer-me pouca

quarta-feira, 19 de outubro de 2011



a beleza que move 
desejos cegos
só tive pelo espelho seu

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Presente mal passado

sexta-feira de novo
o futuro não tem retorno
minha bagagem gira na esteira
há séculos


tiro os óculos
pra não me ver
andando em círculos



quarta-feira, 28 de setembro de 2011




Why?

há sempre um corte
ou uma rasura
fama ou anonimato
sucesso ou descompostura


quem se importa
se é pura
a poesia e seu pequeno porte? 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Alzheimer ao avesso
envelheço
sem laços para esquecer


ORA

Meu lugar ninguém toma
haja lenha pra queimar
já botei fogo em roma
hoje rimo amor com 
agora

se não for logo
saia de banda
ou pegue a senha
que a fila 
anda

domingo, 18 de setembro de 2011

A sedutora aprendiz

teve todos os homens 
que não quis

domingo, 4 de setembro de 2011

Pourquoi?

por que sina
por qual musa
só dobro esquina 
que descruza?

sábado, 3 de setembro de 2011

guarde esse ar blasé
e vá fazer pose
lá onde queima e arde

E tenho dito!

sem pudor
desacato a auto-censura
não queira agora
me impor
sua discreta ditadura

terça-feira, 30 de agosto de 2011

N-ego

e assim ficar
sem orgulho sem star
sem nada a declarar
reduzir-se a pó
deixar-se calar
e ouvir
o barulho do triturador
sem dó sem dó sem dó

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Rapidinha

nem uma mulher madura
resolve
a neurose
do narciso inseguro
don juan indeciso
homem de neanderthal
que se apoia no pau duro
pra provar que é o tal



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Voyeur

eles se beijam
com tanto gosto
que dá pra ver
na feiúra do rosto
a beleza
que o amor empresta

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Etc. e Tal

diz que ser tudo não é tão total
bom é natural chega aqui pra ver
beira de rio não é marginal
sem esse papo de etc. e tal

eu sou passional
quem cai na minha nunca passa mal
viro canibal só pra te agradar
se o nosso encontro é tão casual
caso a pimenta e o sal
pro teu vatapá não ser tão frugal

agora esquece o que falou fulano de tal
esquece o carnaval e lembra só que eu
brinco em teu quintal

nem gueixa nem fatal
acato e desacato o amor um tanto amoral
mas na lua cheia procuro um lobo mau
para ser meu par

tudo é sempre igual
a fantasia é que é real

doce deleite verbal
rima transcendental
ah! se eu fosse normal
mais que sentimental
voltaria ao fim pra ser original

meu happy end estancou aqui
agora vou começar

(musicado por Zeca Baleiro)